vHIT video-head impulse test
Como examinar o labirinto? Conheça o exame vHIT (teste do impulso cefálico)
A primeira pessoa que desenvolveu uma maneira de avaliar o labirinto humano foi Robert Bárány, otorrinolaringologista austro-húngaro que ganhou por isso o prêmio Nobel em 1914. Ele desenvolveu a chamada prova calórica, que é um teste em que se injeta ar ou água dentro dos ouvidos de um indivíduo, o que gera um movimento nos olhos (nistagmo). Até há alguns anos, esse teste se manteve como a única ou melhor maneira de avaliar a função dos labirintos. Faz parte do chamado exame otoneurológico, nome errado dado para os teste feitos com eletronistagmografia e videonistagmografia.
Observar e medir esses movimentos traz a informação a respeito do funcionamento do labirinto. Muitas pessoas, no entanto, sentem grande desconforto ao serem submetidas a esse exame e, muitas, inclusive, se recusam a repeti-lo, pois o exame desencadeia uma crise de tontura/vertigem e, em geral, a vertigem já havia sido o motivo da consulta médica.
Em 2009, no entanto, um grupo de pesquisadores australianos, liderados por Michael Halmagyi e Ian Curthois, desenvolveu um novo equipamento capaz de medir o funcionamento do labirinto. Trata-se do video-head impulse test (vHIT), ou teste do impulso cefálico por vídeo. O equipamento, em forma de óculos, é colocado no paciente. Há dois sensores, um sensor de movimentação da cabeça, e outro, que detecta movimentos dos olhos do paciente. De modo simples, o examinador produz pequenos impulsos na cabeça do paciente, e os sensores informam a relação entre o movimento dado à cabeça e o movimento reflexo dos olhos. A medida disso informa o funcionamento dos canais semi-circulares dos labirintos humanos.
Este exame tem revolucionado a Otoneurologia, ramo da Ciência que estuda o equilíbrio, a audição e o labirinto humanos. A partir do surgimento deste equipamento, tornou-se mais fácil, prático e eficaz para o otoneurologista a avaliação do chamado sistema vestibular (sistema do corpo que detecta movimentos para auxiliar no equilíbrio) e, alem disso, é o primeiro exame a testar todos os seis canais semi-circulares do labirinto humano. Como enorme diferencial, o exame é tão bem tolerado que pode ser realizado até mesmo durante uma crise de tontura/vertigem.
Hoje em dia, para responder aos questionamentos "o paciente possui função vestibular?" (ou, "o labirinto funciona?"), "a função vestibular está normal?" (quantificação), e "ambos labirintos funcionam de forma simétrica?", e para acompanhar a evolução de uma doença que afete a função vestibular, existe o vHIT, esse novo exame, já realizado no Brasil desde 2012 na cidade de São Paulo em instituições de ensino, atualmente já presente em alguns serviços médicos pelo país.